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Conforto Térmico: Análise da Temperatura para Ergonomia

25 de maio de 2021Por Debora Dengo0

A análise de temperatura na ergonomia é bem diferente quando comparamos a outras análises de programas de Saúde e Segurança do Trabalho. Neste artigo vamos falar de conforto térmico, a análise da temperatura em uma AET, como avaliar a temperatura efetiva, que não é simplesmente a temperatura do ar e analisar os impactos do frio e do calor em cada situação de trabalho.

O que é conforto térmico? 

O conforto térmico é equivalente à sensação térmica. Quando sentimos um clima agradável, de temperaturas medianas e confortáveis, temos conforto térmico e isso envolve algumas variáveis, não apenas a temperatura do ar propriamente dita.

Imagine aquele grande termômetro que existe em algum local público na sua cidade, seja uma praça, uma grande avenida. Ele mostra a temperatura do ar, a chamada temperatura de bulbo seco. Ele não mostra a sensação térmica, que é a temperatura efetiva, justamente  a que devemos medir em uma análise ergonômica.

Na ergonomia, quando analisamos temperatura, temos que descobrir o conforto térmico e para isso precisamos de três variáveis:

-temperatura de bulbo seco (a convencional, temperatura do ar)

-temperatura de bulbo úmido

-velocidade do ar

 

É muito importante entender como medir a temperatura para parâmetros ergonômicos, caso contrário sua análise ergonômica pode ser invalidada ou até mesmo não aceita. Não basta utilizar um termômetro comum. É preciso cumprir com todo o protocolo de análise de temperatura efetiva, que irei mostrar no decorrer deste artigo.

Compreender se um ambiente é confortável para o trabalhador não é bobagem, afinal, o profissional de ergonomia permanece no local apenas para realizar a análise, já o funcionário está ali cinco, seis dias da semana, cerca de oito horas por dia. Para ele é algo mais intenso e que pode afetar sua saúde e seu rendimento de fato.

O que é um ambiente frio? 

Conforme o parágrafo 1, do artigo 253 da CLT, um ambiente frio é aquele abaixo de 15°C, se estiver nas regiões norte, nordeste e centro-oeste. Para a região sudeste, é abaixo de 12°C. Já para o sul, o ambiente frio é abaixo de 10°C. Essa diferenciação mostra como o território brasileiro é extenso e diversificado.

E quais são as consequências fisiológicas do frio?

– Quando permanece por horas em um ambiente frio, o corpo do trabalhador precisa criar mecanismos para evitar que o calor saia, ou seja, fechar todas as barreiras fisiológicas de saída de calor e ao mesmo tempo aquecer o corpo de alguma forma. Por isso trememos quando estamos com frio, assim produzimos energia e consequentemente, calor.

– Se o trabalhador está tremendo, ele está mais propenso a causar um acidente de trabalho, pois perde a motricidade fina, além da própria capacidade de atenção e concentração. Isso acarreta em falhas processuais, o que pode levar a diminuição da produtividade e da eficiência ou até mesmo causar acidentes de trabalho. Quem é magro é mais impactado pelo frio, pois não conta com a capa de gordura que atua como uma proteção térmica;

– Com temperaturas baixas, as extremidades, como os dedos dos pés e das mãos ficam muito mais frias, o que é negativo, pois reduz a percepção tátil. Isso também dificulta o trabalho. O frio intenso pode ainda causar queimaduras na pele;

– O frio diminui a sudorese, o que fisiologicamente não é bom, afinal é preciso transpirar para regular a temperatura do corpo;

– Quando estamos com frio, nosso corpo gasta muita energia para se auto aquecer, então é normal que as pessoas fiquem mais cansadas e fatigadas;

– Um ambiente constantemente frio pode levar ao agravamento de doenças articulares, como tendinites, bursites, entre outras e também atuar como fator de predisposição para adquirir essas doenças;

O que é um ambiente quente? 

O ambiente quente é aquele acima de 25°C. E quais são as consequências conforme as temperaturas se elevam?

– O primeiro efeito é a sudorese em excesso. Se uma pessoa sua muito, sua mão logo fica muito úmida, o que faz com que perca a segurança para carregar objetos ou até escrever. Além disso, dependendo do ambiente e da roupa utilizada, a sudorese intensa pode deixar o piso úmido, pela umidade do ambiente e pelo pingar, o que aumenta as chances de um deslizamento podendo causar acidentes de trabalho. A sudorese também gera desidratação;

– O suor pode escorrer nos olhos, o que irrita a retina e pode causar uma falha na produção ou acarretar um acidente de trabalho pela dificuldade na visualização;

– Assim como o frio, o calor aumenta a fadiga corporal, pois o corpo gasta muita energia para manter as condições fisiológicas perto do normal;

– O calor gera um grande desconforto para quem trabalha, pois precisa produzir, pensar e realizar atividades que muitas vezes pedem esforço;

 

A importância do conforto térmico 

O profissional de ergonomia atua tentando trazer o ambiente para um conforto térmico. Para isso, é importante conhecer a NR 17, os valores de temperatura efetiva que estão dentro da norma, como realizar as medições e qual equipamento utilizar.

Aqui, chamo atenção para um ponto importante. Sempre me questionam se, como a NR 17 recomenda que devemos manter de 20 a 23°C para ambiente de escritório, com exigência  intelectual ou atenção constantes, não é necessário analisar ambientes como linha de produção e chão de fábrica. E a resposta é que precisamos sim analisar.

O item 17.5.2 da NR 17 nos diz que nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual ou atenção constante como salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, entre outros, são recomendadas índice de temperatura efetiva entre 20 a 23°C. A maioria dos profissionais lê esse trecho e já concluí que não precisa avaliar a temperatura do operacional, da linha de produção, mas isso é apenas uma interpretação errada, afinal, a norma não afirma isso.

A NR 17 recomenda os valores de temperatura efetiva para ambientes de solicitação intelectual ou atenção constantes, mas não é por isso que devemos ignorar análises em outros ambientes, caso seja necessário. É preciso enxergar além e entender que a ergonomia é muito mais complexa. Muitas vezes, é preciso utilizar diversas normas para uma única análise e suprir a demanda necessária.

Atenção: Mesmo que não conste na norma, sempre que houver queixas do trabalhador é preciso avaliar o ambiente.

E independente de queixas, é necessário analisar quantitativamente a temperatura toda vez que houver solicitação intelectual e atenção constante, pois é preciso saber se esses ambientes estão em conforto térmico de 20 a 23 graus. Mas sempre que identificar reclamações do trabalhador na entrevista, seja qual for a área que ele trabalhe, é preciso averiguar.

O fator de risco existente pode ser identificado na entrevista, ou seja, os trabalhadores nos relatam, ou pode existir uma fonte geradora de calor (ou de frio, dependendo do caso). Na cozinha, por exemplo, existe uma fonte geradora de calor, que é o fogão. Isso já indica que existe fator de risco, então é preciso avaliar quantitativamente quanto essa fonte de calor me traz de temperatura efetiva.

 

Como realizar a análise ergonômica de temperatura 

O primeiro passo é a entrevista. Nela, o profissional de ergonomia deve perguntar para o trabalhador como é o ambiente do setor, se é quente, frio, qual a percepção dele. Dependendo da resposta, será preciso avaliar quantitativamente com o equipamento de medição.

Quando não houver fonte geradora (de frio ou calor) e nenhuma reclamação dos trabalhadores, não será preciso avaliar quantitativamente, mas é importante explicar o porquê na análise. Lembrando que, caso seja um ambiente onde são realizadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção, devemos analisar sempre, independente de queixas ou fatores de risco. Eu, particularmente, se tenho tenho hábil, avalio todos os setores, independente de ter fonte geradora ou não, assim não há dúvidas quanto a análise, mas isso é uma escolha individual de cada profissional.

O segundo passo é realizar a análise quantitativa com o equipamento. Para descobrir a temperatura de bulbo seco e de bulbo úmido, é preciso usar um termo-higrômetro. Já para checar a velocidade do ar, é necessário um anemômetro.

Eu uso o medidor da marca AKSO, o AK887. Ele é um medidor de estresse térmico, que avalia temperatura de bulbo seco e úmido, umidade relativa, entre outros itens. Também utilizo o LM8000A, que além de avaliar a velocidade do ar, também é luxímetro e termômetro.

Se você precisar adquirir algum desses equipamentos de medição ambiental, pode utilizar o meu desconto. Basta enviar uma mensagem de Whatsapp para o número (51) 3406-1717 (vendas da Akso), utilizando o cupom: DEBORA DENGO.

 

Como medir?  

Para a medição, os equipamentos devem ser posicionados na altura do tórax do trabalhador.

Feito isso, é preciso avaliar a temperatura efetiva, através da análise com o ábaco, o chamado Índice de Yaglou, utilizado no mundo inteiro. Nele, devemos imputar o valor da velocidade do ar. Do lado esquerdo temos a temperatura de bulbo seco e do lado direito, bulbo úmido. Assim, basta inserir os números e traçar uma linha do bulbo seco, do bulbo úmido e que acompanhe o percurso.

Veja um exemplo abaixo:

Valores avaliados:

Temperatura bulbo seco: 26°C

Temperatura bulbo úmido: 23°C

Velocidade do ar: 0,5 m/s

 

Quais valores utilizar para outros ambientes? 

Além das informações fornecidas na NR 17, podemos utilizar uma referência do livro Ergonomia Prática, de Jan Dul. Lembrando que essa tabela é dos Estados Unidos, então para o Brasil podemos considerar conforto térmico mesmo se estivermos de 3 a 5 graus acima desses valores informados:

Valores para conforto térmico: 

Trabalho intelectual, sentado – de 18 a 24°C

Trabalho manual leve, sentado – de 16 a 22°C

Trabalho manual leve, em pé – de 15 a 21°C

Trabalho manual pesado, em pé – de 14 a 20°C

Trabalho pesado – de 13 a 19°C

 

Importante: Toda vez que avaliamos um ambiente que tenha ar-condicionado com a manutenção em dia, mas esteja fora dos 20 a 23 graus recomendado pela NR 17, não devemos pontuar como desconforto térmico ou risco ergonômico para temperatura na ergonomia. Se o trabalhador pode regular a temperatura com um controle, por exemplo, ele está regulando de acordo com o que ele prefere e se sente confortável, então não existe risco ergonômico, afinal, a ergonomia é sobre adaptar o ambiente de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. E ao regular a temperatura com o ar condicionado, os trabalhadores estão fazendo essa adaptação psicofisiológica para os níveis de conforto deles de acordo com o dia, horário e estação do ano.

 

E você? Já precisou realizar alguma análise ergonômica da temperatura? Foi uma boa experiência? Me conta aqui nos comentários.

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Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

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© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

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