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Antropometria e Ergonomia Importancia e Aplicabilidade

20 de maio de 2021Por Debora Dengo0

A antropometria é um tema bem importante para a ergonomia. Porém, não adianta conhecer toda a parte teórica e não saber aplicar na vida real. Por isso, neste artigo irei dar exemplos práticos da utilização da antropometria, além de como chegar aos números que você precisa de fato.

 

O que é antropometria? 

Ela é a ciência que estuda todas as medidas corporais do ser humano, como peso, altura e largura, considerando os mais diversos pontos do corpo. Temos mais de 300 itens de medição, mas nem todos são utilizados pela ergonomia. Com as medidas quantitativas, a antropometria é capaz de levantar dados da população que está sendo estudada, seja ela de um país, uma cidade ou de uma empresa.

O ideal é que cada país, cada estado, tenha sua própria tabela antropométrica. Sabemos que cada ser humano é único e tem suas próprias medidas, mas quando conseguimos ter amostras da população, esses dados ficam muitos mais fiéis.

Aqui vai um ponto de atenção para quem é um estudioso da ergonomia e consulta literatura estrangeira. Se, por exemplo, você utiliza uma tabela antropométrica dos Estados Unidos, encontrará medidas gerais para o comprimento dos membros que são maiores do que as do Brasil, já que os americanos são mais altos que os brasileiros. Olhando para o nosso próprio país, o nordeste tem a antropometria um pouco menor do que a do sul, por exemplo. Por isso, é importante termos a referência de antropometria daquele local que estamos realizando o trabalho.

As empresas de calçados, por exemplo, se baseiam na antropometria dos pés de homens, mulheres e crianças para criarem seus produtos, atendendo aos consumidores da melhor forma. Assim, quando uma mulher busca uma sandália número 35, provavelmente aquele modelo irá atender de forma adequada a seu pé, considerando não só o tamanho, mas também a largura, altura, etc.

A antropometria engloba as mais diversas áreas. Ao criarmos um mouse, seguindo determinado formato, espessura e altura, nos baseamos em dados antropométricos das mãos das pessoas, assim conseguimos desenvolver um produto ergonômico, que se adeque a grande maioria dos usuários.

 

As medidas mais comuns que a antropometria coleta

Como já mencionado, temos mais de 300 itens de medição na antropometria, mas pelo viés da ergonomia, que é o nosso foco, nem todos são fundamentais. Entre as medidas mais comuns e importantes temos as de altura, que são sempre realizadas em pé e sentado, altura dos olhos, dos cotovelos, do quadril. Temos também a largura dos ombros e dos quadris, além dos comprimentos dos membros, como braço, mão, antebraço, perna, etc. Após todas as medições necessárias serem feitas, o profissional de ergonomia terá os dados tabelados, que irão orientar na execução de projetos ergonômicos e funcionais.

 

Por que é importante estudar e saber coletar e aplicar dados antropométricos?

A antropometria é valiosa e fundamental. Sempre que um cliente precisar projetar um posto de trabalho novo, um layout com espaços, uma mesa, uma cadeira, uma bancada, enfim, qualquer item, deve haver um estudo antropométrico que sustente todas as medidas que serão utilizadas para esse projeto.

É a tabela antropométrica que garante, por exemplo, que uma mesa precisa ter 73 cm de altura. Ao longo deste artigo, vou te ensinar como buscar esses valores da forma correta. Afinal, não basta consultar a tabela, é preciso saber selecionar quais valores usar.

 

Por que a antropometria é tão ligada com a ergonomia? 

Quando o profissional de ergonomia faz um projeto ergonômico para itens como setor, posto de trabalho, mobiliário e entradas considerando a antropometria, sabemos que o projeto terá segurança, conforto e eficiência, que é a melhora da produtividade.

 

Tabelas antropométricas 

Existem centenas de livros de ergonomia que possuem tabelas antropométricas, porém a maioria são estrangeiros. O livro Ergonomia Prática, de Jan Dul, por exemplo, é ótimo, porém a tabela de referência é baseada em adultos ingleses. Se você se basear nesses dados para desenvolver um projeto para brasileiros, pode ser que haja um desconforto, já que os ingleses, de forma geral, são mais altos.

Eu conheço três tabelas antropométricas do Brasil, de um levantamento feito pelo Couto a partir de três empresas. A primeira foi feita com trabalhadores em São Paulo, em 1995, a segunda com trabalhadores de Curitiba, em 2012 e a terceira com trabalhadores do Ceará, em 2014.

Para ilustrar, vamos analisar a tabela feita com os trabalhadores de Curitiba – homens e mulheres – presente no livro Ergonomia 4.0, do Couto. Nela, temos a altura da população, a altura dos olhos, dos cotovelos e assim por diante, do A até o Z, considerando sempre o percentil 5%, o percentil 50% e o percentil 95%, englobando as medidas importantes para ergonomia.

Tabela Antropométrica Sexo Masculino- Trabalhadores de Curitiba (Referência Ergonomia 4.0 – Hudson Couto):

Tabela Antropométrica Sexo Feminino – Trabalhadores de Curitiba (Referência Ergonomia 4.0 – Hudson Couto):​

O significado do percentil

O percentil é representado por uma curva de Gauss. Em uma ponta temos 5%, na outra ponta 95% e no meio, 50%. E o que isso significa? Usando eu mesma como exemplo: sou uma pessoa de estatura pequena, assim como todos os outros comprimentos do meu corpo. Assim, estou no percentil 5%. Isso quer dizer que eu só sou mais alta do que 5% da população. Os outros 95% da população são mais altos que eu.  Do mesmo modo, quem está no percentil 95%, que são as pessoas altas, são mais altos que 95% dos indivíduos. Já o valor de 50% representa a média da população.

Ao desenvolvermos um projeto, podemos utilizar o percentil 5%, em outros o 95% ou a média de 50%, que pode atender a boa parte da população em alguns casos. A ideia, na teoria, é que quando aplicado o percentil 50% para os projetos, pelo menos 80% das pessoas sejam englobadas, só que nem sempre isso acontece, como veremos em breve.

O ideal é que cada empresa tenha a tabela antropométrica da sua população de funcionários, com todas as medidas que precisam ser avaliadas, considerando homens e mulheres.

 

Exemplos de medição

Nas duas imagens abaixo, dos livros Biomecânica Ocupacional, do Chaffin e Ergonomia Prática, de Jan Dul, vemos como tirar as medidas, com desenhos e também fotos que ilustram a forma correta e todo processo no momento da medição. Existe, inclusive, uma cadeira especial da Fundacentro para realizar essa atividade.

Pontos de medições – Ergonomia Prática de Jan Dul:

  Livro: Biomecânica Ocupacional de Chaffin

 

Como utilizar os dados antropométricos nos projetos? 

Vamos supor que você vá usar os dados de uma tabela já pronta no projeto de um cliente. É importante lembrar que, uma boa parte dos mobiliários já são feitos de acordo com medidas antropométricas que atendam a maioria da população. Isso acontece em muitas situações.

Em outros casos, não seria necessário utilizar tabelas antropométricas e sim a regulagem de altura. Por exemplo, para fazer uma cadeira de escritório, em que o funcionário senta para digitar no computador, utilizamos as tabelas para a altura e largura de encosto e comprimento e largura do assento, mas ajustamos a altura do trabalhador através da regulagem, que permite que cada pessoa adeque de acordo com a sua antropometria.

 

Exemplos práticos onde nem sempre é válido utilizar o percentil 50%

Espaços e acessos 

Imagine que você precisa projetar uma porta de entrada de maquinário, para que um funcionário a acesse para realizar a manutenção das máquinas. Se usar a média, que é 50%, os outros 49% da população não vão conseguir entrar por essa porta. Então, sempre que o projeto envolve acessos e entradas de espaços, o ideal é utilizar o percentil 95% de homens, assim não limitamos a entrada de ninguém: qualquer pessoa conseguirá entrar.

Alcance 

Imagine que você precise desenvolver uma bancada, considerando a distância horizontal ou o comprimento, em uma linha de montagem onde passam produtos que precisam ser alcançados à frente. Nesse caso, é preciso considerar o percentil 5% de mulheres, assim é garantido que todos irão conseguir alcançar o objeto sem dificuldade. Afinal, se quem possui esse valor mínimo consegue realizar o alcance sem dobrar a coluna ou fazer um movimento de flexão excessiva de membros superiores, os demais também conseguirão.

Regra para comandos em geral como painel, controle, alavancas: 

Painéis de controle que precisam ser acionados, devem estar entre a altura do púbis até a altura dos ombros. O ideal é sempre projetar pensando nos dois sexos, já que tanto homem quanto mulher poderão manuseá-los.

Para acionamentos mais baixos, a altura do púbis, que é a altura mínima, deve ser planejada de acordo com o percentil 95% masculino, assim o acionamento será possível para todos, sem esforço e sem flexionar a coluna. Para acionamentos mais altos, na altura do ombro, usamos o percentil 5% feminino, assim garantimos que todos irão alcançar o botão/alavanca para acionamento, sem flexões extremas do ombro.

Largura de assento 

Para projetar um assento de cadeira, considerando a largura, o ideal é usar o percentil 95% masculino, assim garanto que o tamanho do assento irá atender a todos, qualquer nádega ou qualquer quadril.

Já para projetar a profundidade de uma cadeira, onde as pernas se acomodam, devo pensar em uma estatura menor, como 50% feminino ou 5% masculino, para acomodar os dois extremos e o restante que está no mediano. Se usar o percentil 95% masculino, as mulheres terão dificuldade em alcançar o chão com os pés, além de não conseguirem dobrar os joelhos com conforto, se estiverem com a coluna encostada no encosto. E se usar o percentil 5% feminino, os homens irão dobrar muito os joelhos e “faltará” assento para se acomodar com conforto.

Caso você ainda sinta alguma dificuldade para chegar nas medidas, no software Ergolândia existe uma ferramenta chamada Antropometria, que te auxilia com os cálculos e medidas a partir da altura informada, o que pode ser uma grande ajuda.

A antropometria é fundamental para o sucesso ergonômico de um projeto, portanto não deixe esse tópico em segundo plano nos seus estudos!

 

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Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

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© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

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