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O que não deve ter em uma Análise Ergonômica do Trabalho

12 de janeiro de 2021Por Debora Dengo0

Uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é um documento, que pode sem dúvidas ser chamado também de um programa, muito completo e por isso, muitas vezes extenso. E assim como é importante saber os pontos principais que toda AET deve conter, é importante saber também o que não incluir na sua análise ergonômica, para evitar situações que podem ser um tiro no pé para a empresa, para o trabalhador e também para você, o profissional da ergonomia  que desenvolve o material.

Vamos entender a partir dos itens a seguir, porque evitar certas informações em uma Análise Ergonômica do Trabalho:

 

1 – Citar doenças

A Análise Ergonômica faz um diagnóstico ergonômico e não clínico. Ela nos fala sobre riscos ergonômicos presentes e o que fazemos com eles para serem eliminados ou diminuídos.

Quem faz o diagnóstico clínico sobre uma doença são os médicos, não o ergonomista. É claro que muitas vezes, pela própria experiência do profissional, ele já pode ter uma ideia de doenças que podem ser causadas por determinada atividade ou situação de risco, mas ele nunca deve colocar isso na AET, justamente por não estar apto a dar nenhum diagnóstico clínico.

Mesmo que seja um médico do trabalho fazendo uma Análise Ergonômica, ele não pode induzir um nexo causal, já que este não é o foco de uma AET. Ela pode ajudar em nexos causais posteriormente, mas não é ela que faz o nexo sozinha. Para isso é preciso uma investigação, uma análise clínica, com diagnósticos de imagem ou uma perícia.

 

 

2 – Nome dos colaboradores 

Não inclua na sua análise ergonômica o nome dos colaboradores que participaram das entrevistas e coletas de dados. Você deve sim entrevistar os profissionais e ter um controle pessoal de quem passou cada informação, mas os nomes não precisam entrar no documento final.

Por mais que não tenha como garantir 100% de privacidade, até porque é a empresa que indica os funcionários que serão entrevistados, os profissionais se sentem mais confortáveis em participar das entrevistas quando sabem que seu nome não será divulgado. Assim é mais fácil que eles passem informações importantes e estratégicas para o ergonomista, e que não escondam nada por medo de represálias.

Na maioria dos casos em uma AET, você analisa uma função e as atividades desenvolvidas por determinada função. E essas atividades são globais da empresa. Qualquer profissional que seja contratado vai ter que desempenhá-las. Por isso, mais uma vez, não é necessário informar o nome do trabalhador que realiza aquela atividade. Uma boa solução é numerar os postos de trabalho. Assim, você indica quem precisa de ajustes sem precisar citar o nome do indivíduo.

 

3 – Recomendação de EPI

É importante lembrar que a ergonomia age muito antes de precisar recomendar um Equipamento de Proteção Individual (EPI).

Vamos utilizar como exemplo a análise de ruído: o limiar de risco para ruído de insalubridade, para uma possível perda auditiva, está muito acima do limiar de conforto acústico, que é analisado pela ergonomia. Para ter um risco de desconforto acústico (ergonomia) basta ultrapassar 65dB (em situações de trabalho com exigência de concentração constantes / trabalho intelectual). Já para o risco de insalubridade por conta do ruído inicia em 86dB. É uma diferença bem grande.

A principal função do ergonomista em casos assim é tentar eliminar ou reduzir a causa do ruído, fazendo com que ele acabe ou diminua consideravelmente, sem chegar ao estágio de precisar recomendar um EPI.

Caso o problema não seja resolvido, mesmo com as medidas adotadas, a questão deve ser passada para o engenheiro ou técnico de segurança, saindo da esfera ergonômica, já que não é o ergonomista que deve indicar um EPI. Na NR-06, norma de EPIs, está muito claro que quem faz essa recomendação é a equipe do SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) e não o profissional da ergonomia.

Lembre-se: não tenha vergonha ou medo de admitir que você não está habilitado para desenvolver determinado diagnóstico. O que você não sabe, deve delegar para quem sabe e assim evitar problemas para si mesmo, para a empresa e para os trabalhadores que podem ser prejudicados por um diagnóstico ou recomendação equivocada.

 

4 – Fotos somente das situações críticas na AET

Muitas vezes, o ergonomista acredita que só deve incluir na análise ergonômica as fotos que mostram as situações de risco, os casos negativos, porém é preciso atenção neste ponto. Uma boa AET deve conter também os pontos positivos, o que está funcionando bem e dentro das normas e isso também deve estar documentado em fotos. A Análise Ergonômica é um documento completo e por isso não deve reunir somente os problemas e os riscos.

 

O Que Você Não Pode Esquecer de Incluir na AET

Além de entendermos o que não incluir em uma AET, é sempre bom aproveitarmos também para reforçar alguns pontos importantes que sempre devem estar em uma Análise Ergonômica, mas às vezes acabam sendo ignorados. Confira abaixo os principais:

1 – Nome de quem está te acompanhando na AET

Quando você é um consultor contratado para realizar uma AET, é bem provável que a empresa indique um profissional que irá te acompanhar ao longo do trabalho, seja o técnico de segurança, um membro do RH ou alguém do SESMT. Essa pessoa será responsável por te levar nos setores, passar as informações necessárias, indicar os funcionários que serão entrevistados, enfim, tudo que é necessário para que você consiga realizar seu trabalho. Por isso o nome dela deve estar na AET.

2 – Fotos da realidade 

Lembre-se de registrar todo o dia a dia normalmente e não só as situações de risco ou situações raras.

3 – Incluir todos os seus dados como profissional 

Inclua seu nome completo, número do conselho de classe, especializações, caso tenha. É bom que todas as suas informações profissionais estejam bem completas. Isso é importante até para a credibilidade de quem vai receber aquela análise e para as auditorias.

 

4 – Data da coleta e data da entrega 

Alguns profissionais colocam só a data de entrega, mas é importante incluir também a data das coletas, afinal um ano depois a realidade da empresa pode ser diferente. Com todas as datas, você deixa claro quando foi realizado aquele trabalho.

5 – Sugestões de melhorias específicas 

Cada situação ergonômica encontrada deve receber uma sugestão de melhoria específica. Para não haver mal-entendidos, já contabilize isso no seu orçamento final e também no prazo de entrega.

6 – Cronograma de ações 

O cronograma de ações consiste em implementar as sugestões ergonômicas feitas na análise. Para ser efetivo, o ideal é que ele seja montado junto com a empresa, respeitando sua realidade. Quando ele é feito e cumprido, podemos ver de fato as melhorias acontecendo e assim conseguimos mostrar o real papel da ergonomia e seus benefícios.

Caso a empresa não queira implementar um cronograma de ações e só queira o documento da AET, independente do motivo, ela deve assinar um termo comprovando a sua decisão, pois legalmente a AET precisava terminar com um cronograma de ações que iniciará sua execução.

7 – Validade 

Por lei, não existe um prazo específico para a validade de uma AET, mas de maneira geral, devemos reanalisar sempre quando ocorre qualquer alteração no setor ou função que foi analisada.

Caso ocorra uma alteração no layout, na função, na produção, no produto desenvolvido, em uma questão ambiental, no mobiliário, a análise estará inválida para essa situação que mudou, porém não está invalidada como um todo. Ela precisará ser refeita apenas para essas situações específicas.

8 – Evidenciar os pontos positivos 

Documente o que está de acordo com a norma, descrevendo e também com fotos. Evidencie o que é positivo, o que funciona bem, o que não é risco ergonômico, que está dentro dos limites de segurança. Essa é uma forma de provar que você avaliou e se certificou que não havia risco em determinada atividade. Assim, estará resguardado em situações futuras.

 

Esse artigo te ajudou? Me conta nos comentários os seus maiores desafios na hora de realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho.

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Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

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© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

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