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O que um ergonomista faz e quais são suas possibilidades de atuação?

22 de outubro de 2020Por Debora Dengo0

A ergonomia ainda é uma profissão pouco conhecida no Brasil. Um parâmetro que podemos utilizar para checar essa informação é perguntar para um idoso ou uma criança o que faz um ergonomista. Provavelmente eles não saberão dizer, o que mostra como é algo ainda desconhecido. Talvez muitas pessoas até poderiam estar atuando como ergonomista, mas mesmo os adultos não possuem muitas informações sobre a profissão. Então para você que está se inteirando no assunto agora ou se é um estudante que está fazendo graduação e quer entender melhor sobre a ergonomia e suas possibilidades de atuação, esse texto é para você!

 

O que faz um ergonomista? 

O ergonomista é o profissional que faz a adequação dos ambientes, equipamentos e das tarefas do trabalho, para prevenir doenças, acidentes ou até mesmo desconfortos e lesões provenientes do desempenho de uma função. Ele analisa tudo que envolve um determinado trabalho: o colaborador e o ambiente em que ele atua, as questões organizacionais, ambientais, equipamentos e mobiliários além dos fatores psicossociais e cognitivos. A partir daí, ele prepara um estudo profundo de todas as informações coletadas e sua relação com os trabalhadores, para chegar ao diagnóstico ergonômico que pode indicar se alguns desses itens avaliados podem levar a um desconforto no trabalho, uma dor, uma queixa ou até mesmo uma doença.

Para ilustrar a importância dessa atuação, vamos dar um exemplo. Durante os anos 70 e 80, uma profissão muito comum era a de datilógrafo, responsável por redigir textos, cartas, ofícios e petições em escritórios e repartições públicas do país, realizada em sua maioria por mulheres. Devido aos movimentos repetitivos de muitas horas ao usar a máquina de escrever, era comum que elas apresentassem sintomas de LER (Lesão por Esforço Repetitivo). Se naquela época, por exemplo, algum profissional tivesse avaliado os botões das máquinas e como eram pesados e a consequência disso na saúde das colaboradoras com a repetitividade intensa, teria sido possível desenvolver algo mais ergonômico ou implantar ações organizacionais, como o rodízio de atividades, para não sobrecarregá-las e evitar o desenvolvimento de milhares de casos de LER.

E é isso que a ergonomia propõe. Agir tanto no equipamento que executa a atividade quanto na organização, pensando em soluções eficientes para a execução de funções, gerando benefícios para a empresa e para o trabalhador.

Além dos escritórios, na indústria também existem amplas possibilidades para a atuação do ergonomista. Se houver manuseio de carga, por exemplo, será feita uma análise de tudo que envolve esse manuseio: como é feita a execução, com que frequência, horários, quanto peso está envolvido, as alturas e distâncias que o trabalhador percorre manuseando essa carga, enfim, uma gama de informações. Ao fazer o diagnóstico, caso encontre riscos, é preciso apresentar as soluções para o problema. Pode ser a modificação do layout do ambiente, das ferramentas ou da própria atividade, para eliminar o fator de risco que pode causar um dano à saúde do trabalhador. A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é o carro chefe entre as atividades de um ergonomista, é o laudo técnico. Porém, esse profissional pode atuar de várias outras formas.

Na legislação brasileira, toda empresa é obrigada legalmente a ter uma AET. Porém, quando a empresa já possui um olhar voltado para a prevenção, qualidade de vida e produtividade, ela busca a ergonomia independente da obrigatoriedade, pois sabe da importância desse trabalho para melhorar seus processos.

 

 

Oportunidades de atuação na ergonomia 

  • Contratação por CLT 

Neste caso, o profissional é contratado por carteira assinada, para atuar exclusivamente como o ergonomista da empresa. Essa prática é mais comum em grandes corporações. Vale lembrar que a ergonomia não é uma profissão regulamentada no Brasil (referência do ano de 2020), portanto a função registrada pode apresentar outras nomenclaturas. Em outros países existe graduação em ergonomia, porém aqui ela é uma área multidisciplinar, em que diversas graduações podem atuar, desde que façam cursos de capacitação e/ou especialização.

  • Empresas de medicina e segurança do trabalho 

É possível também ser contratado por empresas de medicina e segurança do trabalho, onde existe uma alta demanda de solicitações de trabalhos voltados para a área de SST, devido a grande carteira de clientes que já existe. Essas empresas costumam utilizar os serviços de profissionais autônomos;

  • Abrir o próprio negócio

Dessa forma o profissional pode atender diretamente às empresas, prestando consultoria caso a caso. Essa é uma possibilidade muito atrativa, se pensarmos na grande quantidade de empresas, dos mais diversos segmentos, que temos em nosso país. Além do mais, os ganhos de cada contrato com as empresa são integrais. Para conhecer a Mentoria para Novos Negócios em Ergonomia, clique aqui (www.bit.ly/mentorianovosnegocios)

 

Atividades mais comuns de um ergonomista

Além da Análise Ergonômica do Trabalho, que é uma das atividades mais conhecidas dentro da ergonomia, existe uma gama extensa de atuação.

É muito comum contratar ergonomistas nas SIPATs (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) que são realizadas pelas empresas. Nesse caso, o profissional pode dar palestras e treinamentos para os colaboradores, sempre atento à realidade profissional de cada empresa.

É possível também atuar em perícias relacionadas a doenças do trabalho. Muitas vezes, quando um colaborador presta uma queixa, o juiz pode requisitar uma perícia ergonômica para analisar o caso e se certificar que a ação trabalhista está de fato relacionada ao trabalho do denunciante. Nesses casos, é importante a elaboração de um  laudo ergonômico, que envolve a atuação de um ergonomista.

Da mesma forma que o juiz pode designar um perito para avaliar uma queixa trabalhista, a empresa envolvida também pode contratar um ergonomista para ser assistente técnico na sua defesa.  Nesse caso, o profissional pode tentar amenizar a situação da empresa, resgatando as medidas de controle que haviam na época, implementando programas e ações internas, que mostrem ao juiz o que vem sendo feito para mudar a realidade da empresa. Também é possível atuar como o assistente técnico do reclamante que faz a queixa contra determinada empresa, auxiliando o colaborador com laudo que comprove que seu problema é uma questão de saúde do trabalho e a falta de ergonomia.

Muitas vezes na rotina de uma empresa começam a surgir reclamações em um determinado setor, rotatividade de funcionários ou até mesmo afastamentos. Isso é um indício de que alguma coisa está errada e quando a empresa está atenta, ela pode contratar um ergonomista para investigar o que está acontecendo e atuar de forma preventiva. Na ergonomia, mais do que identificar o problema, é importante investigar a sua origem, que muitas vezes começa em etapas muito anteriores.

Vinculado a isso, quando é feita uma análise ergonômica ou se inicia um processo de investigação, é recomendado que a empresa monte um Comitê de Ergonomia (Coergo), a fim de dar continuidade a esse projeto, estabelecendo um programa contínuo de ergonomia. Geralmente fazem parte do Coergo, um ergonomista, que atua como consultor e profissionais como médico do trabalho, psicólogo, fisioterapeuta, engenheiro de segurança do trabalho, técnico de segurança do trabalho, etc. Também é muito importante a participação ativa de colaboradores selecionados, que de fato vivem o dia a dia da empresa. Com a visão dos trabalhadores é possível implementar melhorias reais nos processos de trabalho ao ouvi-los.

Ainda sobre os campos de atuação do ergonomista, temos as demandas de denúncia. Às vezes ocorrem denúncias de situações críticas do trabalho para o Ministério do Trabalho (hoje, Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia), que precisam ser inspecionadas por um Fiscal do Trabalho. Se for identificado um problema envolvendo ergonomia, a empresa na maioria das vezes é obrigada a executar uma AET em um prazo pré estabelecido e já propor melhorias e um cronograma de ações a serem cumpridas, estando sujeita à multa caso não siga o que foi proposto.

Com tantos exemplos, podemos perceber que a ergonomia é uma profissão muito dinâmica. Existem milhares de empresas, dos mais diferentes ramos. Cada vez que o ergonomista conhece um novo cliente, ele pode descobrir uma área totalmente nova, na qual nunca atuou.

 

 

O mercado de trabalho na ergonomia 

Nos últimos anos as empresas estão se tornando mais conscientes com relação a importância da ergonomia como um investimento e não um gasto. Quando bem aplicada, a ergonomia produz, no mínimo, eficiência, produtividade, conforto e segurança, pilares importantes em qualquer companhia. Um funcionário que se sente cuidado e valorizado, trabalha mais feliz e consequentemente produz mais. Ao final, isso se traduz em mais lucro para a empresa.

Outro aspecto que fortaleceu o mercado foi a criação do eSocial – Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas, um sistema do governo que unifica o envio das informações dos empregados e estagiários das empresas, entre elas informações de ergonomia. São 58 fatores de risco ergonômicos a serem enviados por CPF de cada trabalhador empregado. Sabendo que temos cerca de 5 milhões de empresas que obrigatoriamente precisam enviar esses dados, podemos perceber quantas oportunidades de trabalho existem.

Além disso, o Brasil vem numa crescente de abertura de empresas, que consequentemente representam novos trabalhos e oportunidades em ergonomia, por isso vale a pena vestir a camisa da profissão.

Não deixe que a visão pessimista de alguns profissionais te desanime. Estude, se prepare, se dedique, faça contatos. Para a consolidação da profissão, é preciso cada vez mais que existam bons profissionais e bons concorrentes. Dessa forma, ao contratar um serviço de ergonomia, o cliente ficará satisfeito e mais propenso a fazer novas contratações no futuro, fortalecendo cada vez mais a profissão.

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Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

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© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

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