Uma dúvida que costuma rondar vários profissionais de ergonomia é como fazer uma análise de iluminação utilizando a NHO-11. Ela é uma Norma de Higiene Ocupacional, desenvolvida pela Fundacentro, sendo obrigatória nas análises ergonômicas do trabalho desde o final de 2018, conforme consta na NR-17.
Ela é considerada, muitas vezes, uma norma complexa. Mas basta um pouco de atenção e paciência para entendê-la. Uma de suas peculiaridades é que ela exige a utilização de um luxímetro que avalie lâmpadas de LED. Tal atualização é importante, afinal, hoje em dia esse tipo de lâmpada é maioria, principalmente em escritórios. Utilizar a NHO-11 não é difícil, basta entender suas etapas, como mostraremos abaixo:
Etapa 1 – Análise Qualitativa
Nesta primeira etapa analisamos questões como os reflexos, ofuscamentos, se os trabalhadores conseguem visualizar adequadamente, se é preciso iluminação suplementar, se o ambiente está livre de cintilação, as áreas de trabalho livre de sombra, etc.
Vale lembrar que reflexo é quando o raio de luz bate em um local e reflete no campo de visão do trabalhador e o ofuscamento é quando o raio de luz incide direto na visão da pessoa. Um reflexo pode gerar ofuscamento.
Essa primeira etapa é simples. Basta seguir os tópicos listados na NHO-11 e ir respondendo um por um: se existem tais inconformidades ou não.
No meu treinamento de passo a passo de Análise Ergonômica do Trabalho, o Treinamento MDD, os alunos dispõe de uma planilha para a NHO-11 já automatizada, onde basta inserir os dados e os cálculos são feitos automaticamente. Você pode se cadastrar na lista de espera para as inscrições clicando aqui.
Etapa 2 – Análise de Iluminação da Tarefa
Após a análise qualitativa, o profissional de ergonomia deve avaliar o nível de lux em cada posto de trabalho, considerando todas as atividades que o trabalhador desempenha e o quanto de lux cada uma precisa. Vamos usar como exemplo um auxiliar de escritório que trabalha em um computador. Uma de suas atividades é escrever, ler, teclar e processar dados. Para essa atividade, de acordo com a NHO-11, o lux mínimo é de 500.
A norma aceita até 10% abaixo do lux mínimo, então ainda usando o exemplo acima, se você avaliar um lux de 450 para esta situação, ele ainda estará dentro do mínimo de lux exigido.
Para realizar a medição é bem fácil. Basta posicionar o luxímetro em frente ao trabalhador, na área de tarefa dele. Se não existe um local específico de tarefa, como uma mesa ou uma bancada, a norma pede que se avalie a uma altura de 75cm do piso.
A etapa 2 deve ser feita ponto a ponto. O ideal é sempre avaliar todos os postos de trabalho, pois a localização de cada um dentro do setor / sala pode influenciar. É importante lembrar que os postos de trabalho não podem depender da iluminação externa para serem ótimos. O que vale é a estrutura própria de iluminação. Por isso, é importante fazer a medição em todos os turnos de trabalho, incluindo o noturno caso haja trabalho neste turno também. Caso você tenha que escolher apenas um horário do turno diurno para avaliar, opte pelo início da manhã ou no fim da tarde, que são horários que não contam com tanta incidência solar que podem superestimar as avaliações.
Lembre-se: quando for fazer a análise, respeite a condição do dia a dia no local de trabalho. Por exemplo, se existe uma cortina que nunca é aberta, você não pode abri-la ao realizar a análise estará superestimando aquela análise e montando um cenário que não acontece no dia a dia de trabalho.
Etapa 3 – Análise da Iluminância Média
Para chegar na iluminância média, primeiro é preciso descobrir o tipo de sala que está sendo analisada, de acordo com os layouts oferecidos pela própria NHO-11. Nesta etapa, os cálculos são feitos de acordo com as fileiras de postos de trabalho e com as fileiras de iluminação, por isso as fórmulas variam conforme o formato do ambiente. A partir daí o profissional de ergonomia precisa inserir todos os dados pedidos pela norma, coletados ponto a ponto.
Na prática, a iluminância média nos indica a quantidade de luz dentro daquele local analisado, se ela se distribui de forma igual em todos os postos de trabalho.
Pode acontecer de nenhum layout disponibilizado pela NHO-11 estar de acordo com a realidade do seu cliente. Nesse caso é preciso adaptar ou, dependendo da situação, você poderá pular essa etapa.
Regra: a iluminância média não pode ser inferior a ⅕ do máximo de lux coletada naquele setor. Ou seja, se no setor avaliado um dos pontos de tarefa tinha 1.000 lux, que foi o máximo, a iluminância média daquele local não pode ser inferior a 200 lux (⅕ de 1.000).
Etapa 4 – Avaliar se as lâmpadas são frias
Lâmpadas quentes não são adequadas para o trabalho. Elas deixam o ambiente com uma luz mais amarelada, que pode trazer sonolência, influenciando na produtividade. É preciso usar lâmpadas de LED brancas frias.
Após cumprir todas essas etapas, você estará com todos os dados para preparar o diagnóstico final da sua análise ergonômica de iluminação. Lembre-se: a NHO-11 pode parecer desafiadora, mas ao dividi-la em etapas, fica muito mais fácil dominar sua utilização. Além disso, seu uso é obrigatório, portanto é importante que o profissional de ergonomia saiba usá-la e possa incluir esse serviço em seu portfólio.
Você já realizou uma análise de iluminação com a NHO-11? Teve dificuldades? Me conte nos comentários.
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