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COMO EXPLICAR A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA PARA AS EMPRESAS

16 de março de 2021Por Debora Dengo0

Saber como explicar a importância e os benefícios da ergonomia para as empresas é essencial para que o ergonomista consiga vender seus serviços. Porém, meu objetivo com esse texto não é ensinar “técnicas de venda para atrair clientes” e sim mostrar como o profissional da ergonomia deve proceder para que consiga implementar as sugestões de melhorias que montou em sua Análise Ergonômica. Afinal, uma AET engavetada, mesmo que seja muito bem feita, não irá resolver os problemas da empresa.

O foco aqui é entender como, após realizar a Análise Ergonômica, o profissional de ergonomia consegue dar os próximos passos dentro da empresa para implantar de fato as soluções ergonômicas propostas, formar um COERGO, fazer a gestão da ergonomia naquele ambiente, entre outras ações.

Antes, vamos fazer uma reflexão: ao ser contratado por uma empresa, você aproveita a oportunidade de atuar como ergonomista da melhor forma possível? É comum vermos profissionais de ergonomia que, ao atuarem, viram “fiscais da lei”, ou seja, só apontam os erros e problemas e não levam soluções. Isso é errado. É importante apontar o que está errado e não ser negligente, mas é fundamental apresentar as soluções de melhoria, ajudar aquela empresa e seus funcionários, entender a realidade das pessoas que ali trabalham e também enfatizar o que o local tem de bom, o que já funciona de forma positiva.

 

E por que precisamos explicar a importância da ergonomia? 

 

1 – Para vender serviços de ergonomia

Muitos profissionais ainda tratam esse assunto como um tabu, porém nenhuma empresa sobrevive sem vender seus serviços, sem prospectar clientes e sem um planejamento financeiro. Seja você autônomo, consultor ou um empreendedor da área, é preciso pensar em como chegar a mais clientes, divulgar seu trabalho e saber o quanto cobrar. Saiba seu diferencial e não tenha medo de mostrá-lo.

 

2 – Para implementar a ergonomia

Após o desafio de conseguir o cliente e ser contratado para realizar uma Análise Ergonômica, por exemplo, o segundo momento é implementar o que foi proposto na AET. A empresa já te conhece como profissional, mas agora ela precisa entender por que as melhorias sugeridas são importantes. Caso contrário, ela pode decidir não realizá-las.

E nesse momento o profissional de ergonomia precisa lidar com os mais diferentes perfis de agentes da decisão. Em pequenas empresas, às vezes o próprio dono cuida de tudo, em outras lidamos com o RH, o técnico de segurança, o setor de compras que cuida das cotações, o SESMT ou até mesmo um núcleo de diretores.  E cada um desses perfis exige uma aproximação diferente, por isso é importante saber com quem você está falando, para usar uma linguagem eficaz. É necessário identificar a dor da empresa (o que ela precisa resolver) e a dor da pessoa que está envolvida na decisão, assim você molda sua conversa de acordo com essas duas perspectivas. Por isso é tão positivo quando o profissional de ergonomia consegue conversar direto com as pessoas envolvidas no processo: ele tem a chance de entender exatamente as dores do cliente.

Para ficar mais claro, vamos utilizar um exemplo: recentemente fui procurada por uma empresa, através da sua engenheira de segurança do trabalho. Um funcionário estava movendo uma ação trabalhista e eles precisavam que eu fizesse uma análise ergonômica do setor daquele trabalhador, das atividades que ele realizava, ou seja, uma análise de acordo com uma demanda judicial. Além disso, eles queriam preparar também uma AET geral da empresa, de forma preventiva, para evitar possíveis novas ações no futuro. A dor da engenheira era justamente resolver as questões de saúde e segurança do trabalho de forma eficaz, trazendo bons resultados para a área que ela era responsável. A dor da empresa era lidar com uma demanda judicial pontual e também se organizar para evitar novos problemas. Entendendo isso, eu consegui direcionar minha proposta de forma muito mais assertiva.

É claro que alguns setores já estão mais familiarizados com a ergonomia, já entendem melhor seus benefícios e fica mais fácil conversar, já outros ainda desconhecem, por isso o ergonomista precisa entender: o que é importante para esse setor envolvido na negociação? O RH terá uma visão, o setor de compras terá outra e o dono de uma pequena empresa terá outra.  Isso é normal e cabe ao profissional de ergonomia saber ajustar sua conversa de acordo com cada um.

 

Como não fazer? 

 

1 – Usar termos técnicos que só você entende

Para ter sucesso na comunicação, é preciso falar de uma forma que todos entendam. Existe um termo chamado rapport, que é quando as pessoas envolvidas estão no mesmo nível na conversa, estão conectadas, se identificam com o que está sendo falado. Ao usar termos técnicos, mesmo que você queira mostrar sua autoridade em um assunto, a pessoa deixa de entender claramente o que você está dizendo e assim o rapport, essa conexão no diálogo, se quebra.

Aprenda a moldar sua linguagem para que as pessoas entendam de maneira clara, objetiva e fácil o que está sendo falado. Evite usar o “ergonomês” com quem não é da área.

 

2 – Pare de falar de multas

Muitos profissionais, no intuito de reforçar a importância da implementação da ergonomia, falam muito do risco da empresa ser multada ao não realizar as ações propostas. Porém, esse processo de fiscalização e multa é algo muito demorado. Cerca de 2% das empresas que temos no país são fiscalizadas e até chegarmos no nível de uma multa, temos várias etapas anteriores. É uma esfera ainda pequena perto das milhares de empresas do país. Portanto, mostre que o seu trabalho com a ergonomia é importante pois ele age muito antes da multa. É uma atuação preventiva.

 

Como justificar a implementação da ergonomia nas empresas?

 

1 – Aumento do FAP da empresa

O FAP é o Fator Acidentário de Prevenção, sendo analisado numa escala de 0,5 a 2. Quanto maior o score da empresa na área de saúde e segurança do trabalho, menor é a alíquota do FAP, que é calculada diretamente na folha de pagamento dos funcionários, fazendo a empresa economizar muito no médio e longo prazo.

Se a empresa tem score ruim, com doenças e acidentes do trabalho, o FAP aumenta, o que faz com que aumente também o valor em cima da folha de pagamento. Logo, um FAP alto se torna muito oneroso para a empresa.

 

2 – Inconformidade com dispositivos legais

Esse tópico envolve inconformidades da empresa com normas, CLT, Normas Regulamentadoras e seus anexos, ISOs. Sempre que o profissional de ergonomia identificar um problema nesse nível, é importante trazer a solução.

 

3 – Gastos com despesas médicas

Funcionários afastados por queixas ou doenças do trabalho são sempre onerosos para as empresas, mesmo que por breves períodos. Caso você já esteja trabalhando como ergonomista na empresa, é possível pegar esses dados de afastamento no ambulatório, por exemplo, e com os dados do financeiro mostrar quantitativamente quanto a empresa perdeu.

Existe um estudo desenvolvido por Hudson Couto e Dennis com empresas brasileiras, onde em um universo de quase mil acidentes de trabalho, 41% tinha um forte fator de falta de ergonomia por trás. É importante mostrar esse tipo de informação para o seu cliente.  Funcionários doentes resultam em mais gastos e menos receita.

 

4 – Custos judiciais e trabalhistas

Isso é algo muito custoso e a empresa que já passou por isso sabe. É preciso contratar advogado trabalhista, assistente técnico para perícia, fora a energia e o tempo despendido nisso e o dinheiro da própria indenização no final. Você pode fazer uma busca da média de valores de indenização da sua região e mostrar para seu cliente, para que ele tenha essa noção.

Quando um funcionário é afastado por questões de acidentes do trabalho, queixas ou lesões, a empresa deve pagar seu salário por 15 dias. Após esse período, ele entra no INSS, mas a empresa deve continuar contribuindo com o FGTS daquele trabalhador. Tudo isso é muito caro. Com a ergonomia você consegue reduzir muitos desses custos, pois é feito um trabalho preventivo para cuidar do bem-estar, da saúde e da segurança daquele trabalhador, evitando que ele se machuque ou adoeça por questões ligadas ao trabalho. Porém, esse é um processo de médio e longo prazo e as empresas devem ter essa visão.

 

 

5 – Custos indiretos do afastamento

Um funcionário afastado gera outros custos como pagamento de hora extra e treinamento de novo funcionário para a vaga.

 

6 – Qualidade do produto ou serviço prestado

Toda vez que alguém sai da empresa, pode ocorrer um comprometimento da qualidade de entrega, afinal aquele funcionário já dominava a atividade e a pessoa nova ainda deverá se ajustar à nova rotina e afazeres.

 

7 – Redução de produção

Quando um funcionário falta ou está afastado, o nível de produção acaba comprometido. O líder de produção da empresa com certeza terá esse tipo de informação para que você acesse.

 

8 – Atraso nas entregas

Se um setor deveria funcionar com oito funcionários e está com sete, provavelmente teremos atrasos nas entregas previstas, prejudicando os negócios com os clientes da empresa e até mesmo tendo que pagar multas por quebra de contrato com clientes, o que também acaba sobrecarregando os envolvidos.

 

9 – Parada de máquina ou de processos

O andamento da produção de forma geral, o funcionamento de todas as máquinas e todos os processos de produção, também são afetados ao termos um ou mais funcionários ausentes.

 

10 – Impacto na imagem da empresa

Esse é um tópico que pode ser mais importante para donos de empresa e também para membros da diretoria. Infelizmente com frequência vemos em jornais e televisões notícias de acidentes de trabalho e a imagem dessas empresas fica marcada para sempre.

 

11 – Absenteísmo e presenteísmo

O absenteísmo indica as faltas frequentes de um funcionário. Já o presenteísmo é quando o trabalhador está presente, mas não consegue produzir adequadamente. Esses são dois indicadores que podem ser afetados por fatores não ergonômicos e que geralmente são acompanhados pelo RH.

 

12 –  Sofrimento dos trabalhadores e seus familiares

Lidar com doenças, dores, lesões ou até outras questões mais sérias afeta o trabalhador e também sua família, podendo trazer consequências para o lado emocional. Um acometimento físico pode desencadear um transtorno mental também, virando uma bola de neve negativa.

 

Pode parecer desafiador abordar tantos itens, mas é claro que tudo varia de acordo com o perfil da empresa e o trabalho que o ergonomista precisa realizar. Caso não consiga levantar os dados de forma quantitativa, por não ter acesso a todos os números, mostre o impacto de forma qualitativa, assim a empresa poderá abrir a mente para a importância e benefícios da ergonomia em seu dia a dia.  E lembre-se de enfatizar que é um processo de médio e longo prazo e que exige comprometimento de todos.

Como você lida com as negociações para implantar melhorias ergonômicas em seus clientes? Ainda é um desafio? Me conte nos comentários e compartilhe esse artigo com um amigo que precisa dessas dicas.

 

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Conheça também nosso treinamento de passo a passo de Análise Ergonômica do Trabalho clicando aqui. Ao se cadastrar na lista de espera você receberá todas as informações sobre o treinamento no e-mail cadastrado =]

 

 

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Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

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