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DEZ DEMANDAS PARA UMA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO

23 de março de 2021Por Debora Dengo0

Uma demanda para realização de uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) nada mais é do que o motivo que leva uma empresa a solicitar um orçamento para tal e realizá-la. E é importante conhecer as 10 demandas principais, pois assim, quando o cliente fizer uma solicitação, o profissional de ergonomia já terá uma noção da dor da empresa, o problema que ela está enfrentando hoje ou até mesmo o que ela pretende evitar no futuro.

Saber o porquê da empresa estar solicitando uma AET é essencial. Essa é a  primeira pergunta que o profissional de ergonomia deve fazer ao cliente, seja por email ou telefone. Isso vai fazer com que seja possível montar uma proposta de trabalho condizente com a realidade daquele momento, além de nortear o orçamento e o cronograma para a entrega da Análise Ergonômica.  Se você não tem noção nenhuma do motivo que levou a empresa a solicitar o orçamento, não vai saber se a empresa está enfrentando uma situação de urgência e o prazo para a entrega da implementação das melhorias e assim irá trabalhar às cegas. É fundamental entender o problema que o cliente está enfrentando ou tentando evitar no futuro, para conseguir desenvolver uma Análise ergonômica de qualidade.

 

As 10 demandas para uma AET

1 – Demanda judicial 

Para explicar a demanda judicial, vou utilizar um exemplo de orçamento recente que recebi:

a empresa em questão recebeu uma reclamatória de um ex-funcionário, sobre uma situação envolvendo uma doença do trabalho. Assim, o cliente pretende realizar uma AET de forma imediata, para ter em mãos esse estudo ergonômico já na primeira audiência.

Essa é uma atitude que facilita a posição da empresa. Caso nessa AET não exista nenhum risco ergonômico relacionado com a queixa do trabalhador, ela já pode ser positiva para todo o processo. Caso exista alguma relação, a AET vai servir para amenizar a situação, se a empresa tiver também medidas de controle, pois aos olhos do tribunal, quanto mais documentos, programas e ações de ergonomia e demais áreas da SST a empresa tiver, mais ameniza o processo.

Em uma situação judicial, se a empresa se mostra preparada, interessada em melhorar e provar que já emprega medidas de controle de saúde e segurança, ela é vista com outros olhos pelos peritos e até mesmo pelo juiz do trabalho. Uma empresa despreparada é encarada de forma muito mais negativa.

A demanda judicial pode funcionar de forma ativa, ou seja, quando parte da empresa a realização da análise ergonômica ou passiva, quando o perito do processo solicita os documentos. Sabemos que a atual NR 17 afirma que todas as empresas que possuem trabalhadores precisam realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, então, teoricamente todas deveriam ter, embora a gente saiba que essa ainda não é a realidade. Em todo caso, não devemos julgar e sim estar dispostos a ajudar a empresa e seus trabalhadores, sem negligenciar problemas e reconhecendo boas práticas existentes.

 

2 – Demanda fiscalizatória 

A demanda fiscalizatória ocorre quando um Auditor Fiscal do Trabalho visita uma empresa, avalia diversos critérios, faz uma auditoria e solicita uma AET, caso a empresa não tenha e ele julgue necessário de acordo com as situações que presenciou. Em algumas situações pode ser também uma atualização da AET existente, que seja condizente com a situação da empresa naquele momento.

 

3 – Demanda preventiva 

Como o nome indica, a demanda preventiva é aquela que acontece quando a empresa solicita uma AET para se prevenir e evitar problemas futuros. Geralmente nesses casos são empresas que já entendem um pouco de ergonomia, sabem da sua importância e dos benefícios, e assim buscam fazer um estudo das situações de trabalho, para entenderem o que está funcionando, o que precisa de ajustes e os pontos de atenção que devem ser corrigidos para evitar problemas no futuro.

O trabalho costuma fluir mais fácil, já que não tem a carga de obrigatoriedade ou de prazos acirrados e a empresa entende a importância da ergonomia, sendo mais viável também implantar melhorias e dar continuidade a um programa de gestão de ergonomia, por exemplo.

 

4 – Demanda de concepção/projeto

A demanda de concepção ou projeto acontece quando uma empresa realiza alguma mudança significativa como mudança de sede ou setor, iniciação de uma nova linha de produção ou produto novo. Então, ela decide implantar a ergonomia desde o início na fase de projeto e assim esse novo ambiente já nasce ergonomicamente correto.

Infelizmente sabemos que isso não é algo ainda muito comum no Brasil, até porque a ergonomia ainda não é um tema muito difundido e muitas pessoas, mesmo empresários, não têm conhecimento sobre ela. Porém, a longo prazo é muito mais barato implantar a ergonomia de concepção no ato do projeto, pois no decorrer dos anos surgem muitas situações trabalhistas que podem ser amenizadas pela ergonomia de concepção.

 

5 – Demanda Normativa 

Essa é a demanda mais comum, já que consiste em cumprir com as normas que exigem uma AET, como a norma mãe de ergonomia, a NR-17.

Na atual NR-17 em vigor hoje, consta no item 17.1.2: “Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora”.

 

6 – Demandas de outros programas de SST

Um exemplo clássico é o PPRA. Quando os técnicos de segurança do trabalho ou engenheiros de segurança detectavam perigos e má condições de ergonomia em um PPRA, muitos solicitavam aos ergonomistas um estudo mais profundo daquelas situações e assim eram feitas Análises Ergonômicas, já que era algo que fugia da alçada dos profissionais envolvidos no PPRA, necessitando de um estudo mais complexo.

7 – Demanda Ambulatorial 

Algumas empresas grandes possuem uma estrutura própria de ambulatório, já nas menores esse trabalho é terceirizado, mas em ambos os casos o profissional de ergonomia pode ter acesso a dados como aumento de queixas, atestados médicos, afastamentos, alta rotatividade de funcionários, faltas recorrentes. Tudo isso funciona como indicadores de que algo de errado está acontecendo.

Quando a empresa tem um programa de ginástica laboral, muitas vezes é o instrutor que recebe essas queixas. Portanto, se esse é o seu caso, é importante ter a visão de que as reclamações podem ser alertas. O ideal é repassar para o ambulatório todas elas, para que sejam computadas e a empresa e o próprio ergonomista façam um acompanhamento desses dados. Lembre-se que só podemos melhorar o que é medido, por isso é importante acompanhar indicadores e ter uma visão macro da empresa.

E dentro dos estudos internos desses indicadores, é comum que a empresa, o enfermeiro, fisioterapeuta ou médico do trabalho em conjunto com toda equipe do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), solicite que um profissional da ergonomia realize uma Análise Ergonômica do Trabalho dos cargos com mais indicadores de queixas, atestados médicos, afastamentos, alta rotatividade de funcionários, etc, para investigar se há relação com os riscos ergonômicos existentes, o que na maioria das vezes acontece. Após essa análise, implementam-se as melhorias ergonômicas em cima dos riscos ergonômicos encontrados, é feita a validação com os funcionários e após alguns meses os indicadores são reavaliados. Se as ações forem assertivas, a tendência é todos eles reduzirem.

 

8 – Demanda de certificações 

Esse tipo de demanda é mais comum em grandes empresas. Existem certificações internacionais globais como as ISOs e as OHSAs, que certificam as empresas em termos de qualidade, de segurança e gestão. E temos também certificações internacionais específicas para cada ramo de empresa, como hotelaria, alimentícias, hospitalar (ONA). Geralmente, para obter esses certificados internacionais, a empresa precisa ter uma Análise Ergonômica completa e também um programa de gestão de ergonomia bem aplicado. Empresas que buscam essas certificações costumam ser criteriosas, estão mais preocupadas com o trabalho que será prestado do que com o preço, pois sabem que precisam atingir a excelência para conseguirem os certificados e serem acreditadas pelas certificadoras. É um grande diferencial. Além disso, muitas empresas só conseguem ser fornecedoras de determinadas corporações, se tiverem também algumas certificações importantes.

 

9 –  Demanda por CAT

A sigla CAT significa Comunicação de Acidente do Trabalho, algo que a empresa precisa reportar ao INSS sempre que houver algum acidente de trabalho ou doença causada pelo trabalho. Hoje ele é enviado de forma online. Quando essas intercorrências acontecem, as empresas solicitam uma Análise Ergonômica para o profissional da ergonomia estudar as condições do trabalho e investigar se aquele acidente ou doença pode ter sido causado por riscos ergonômicos existentes. O que constatamos é que, na maioria das vezes, existe sim um fator importante de má ergonomia por trás. Neste caso, como o pior já aconteceu, o objetivo da AET a partir da sua investigação é melhorar as condições de trabalho para evitar intercorrências futuras.

 

10 – Demanda da Nova NR-01 através do GRO e o PGR

O GRO e o PGR são programas que estão na nova NR-01, que entrará em vigor em agosto de 2021, portanto são demandas que ainda irão aparecer. Através deles, com equipes multidisciplinares, as empresas deverão fazer a identificação e o gerenciamento de riscos em todas as áreas de SST, como higiene ocupacional, insalubridade, segurança do trabalho e ergonomia, fazendo um mapeamento de todos os perigos, que na ergonomia são basicamente os fatores de risco ergonômicos. Dependendo do fator de risco encontrado, é preciso realizar uma AET.

Existem perigos em que o risco é facilmente identificado, como uma quina de mesa viva, por exemplo. Se tem o fator de risco quina viva, e existe um trabalhador trabalhando nela por longos períodos, o risco ergonômico quina viva existe, facilmente você diferencia e classifica. Já a análise do perigo de manuseio de carga frequente, por exemplo, envolve diversas variáveis, como: peso, frequência, distância horizontal e vertical, inclinação do tronco, número de horas de manuseio por dia, carga total manuseada por dia, etc, e por isso costuma ser necessário a realização de uma Análise Ergonômica para identificar se esse perigo ergonômico é de fato um risco ergonômico. A NR-01 vem muito focada no âmbito da gestão na SST, incluindo a ergonomia, e isso é muito importante. Não basta apenas fazer uma Análise Ergonômica. É preciso implementar melhorias, acompanhar indicadores, montar um programa de gestão.

 

Com certeza toda empresa se enquadra em pelo menos um desses dez motivos, portanto sempre existe uma oportunidade para o profissional de ergonomia ficar atento. É importante conhecer e entender as principais demandas, para você mostrar que está por dentro da realidade da profissão ao receber uma solicitação de orçamento.

 

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Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

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© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

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