fbpx
 

COMO IMPLEMENTAR PAUSAS ERGONÔMICAS EFICAZES

11 de fevereiro de 2021Por Debora Dengo0

Aprender a implantar as pausas ergonômicas de forma correta e eficaz é primordial, pois esse é um tema que envolve as sugestões ergonômicas que montamos para uma empresa após realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho.

Se o profissional de ergonomia faz uma sugestão relacionada à pausa, que é algo sério, de uma maneira não tão eficaz,  isso pode ser prejudicial para a empresa, para o trabalhador ou até mesmo para esse profissional envolvido.

Por isso, neste artigo vamos aprender os conceitos básicos de pausa, por que elas são importantes, as classificações e finalmente, como implementá-las corretamente.

O que são pausas 

Pausas são interrupções do trabalho, das atividades desenvolvidas. Ou seja, se o trabalhador sai de uma atividade para fazer outra, não quer dizer que ele está em pausa. Neste caso é um rodízio de atividades. Pausa é quando ele realmente está inativo, sem realizar ações musculares / técnicas. As pausas também podem ser chamadas de tempo de recuperação de fadiga, uma nomenclatura usada por Couto.

 

Por que as pausas são importantes? 

Elas estão na NR 17, na CLT, na NR 15 e não é à toa. As pausas são importantes para dar ao trabalhador a oportunidade de alternar de postura, caminhar caso fique sentado o dia todo, descansar em caso de atividades muito dinâmicas e repetitivas. Ao pausar é possível voltar ao normal na frequência cardíaca, permitir a irrigação dos músculos utilizados na atividade, levando nutrição para os tecidos que estão sendo solicitados e aliviar a sobrecarga física ou mental.

 

Classificações das pausas 

Para recomendar pausas corretamente, o profissional de ergonomia precisa conhecer todos os tipos existentes, suas classificações e características.

1- Classificação temporal das pausas

Micropausas – São as pausas curtas, de alguns segundos ou poucos minutos. Não existe um número definido oficialmente, mas geralmente consideramos micropausas as que levam menos de cinco minutos.

É mais comum encontrá-las entre ciclos de trabalho, como numa linha de produção onde o trabalhador realiza movimentos repetitivos. O colaborador não precisa exatamente se ausentar da atividade para realizar uma micropausa. Vamos imaginar o exemplo de uma esteira de peças: basta que as peças andem mais devagar pela esteira e o trabalhador consiga parar por alguns segundos que ele poderá realizar uma micropausa.

Macropausas – São intervalos maiores, com pelo menos 6 minutos de duração.  Ela acontece durante a interrupção das atividades. Pode ser no ambiente laboral ou em local externo, de repouso, relaxamento. São as pausas de recuperação propriamente ditas, onde não ocorre nenhuma atividade laboral.

 

2 – Tomada de decisões 

Pausa prescrita – É pré-determinada. Ocorre em um horário definido, já pré-determinado e estabelecido pela empresa. Geralmente acontece em linhas de produção e situações de trabalho intenso e elevado.

Pausas espontâneas – Intervalos onde o trabalhador vai interromper o trabalho na hora em que sentir necessidade, de acordo com sua sensação de fadiga. Nesse caso o trabalhador adota a pausa de acordo com a sua realidade e necessidade psico-fisiológica.

 

3 – Características das Pausas

Pausas Passivas – Quando o trabalhador realiza o total descanso das atividades, das ações técnicas, dos movimentos, da carga mental.

Pausas Ativas – Atividades extralaborais implementadas durante a pausa, como dinâmicas, ginástica laboral, Yoga, pilates, RPG. Elas interrompem as atividades laborais, mas de forma ativa conseguem relaxar o corpo e a mente.

 

4 – Pausas Obrigatórias 

Antes de implementar, é importante conhecer todas as pausas obrigatórias, para não recomendar algo de forma errada e que não cumpra com a legislação vigente.

Nas atividades de sobrecarga muscular, estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, a partir da AET, deve ser incluídas pausas para descanso. A norma não cita tempo, mas é comum que recomende-se pausa de 10 minutos.

Nas atividades de entrada de dados, como digitação, de acordo com a NR 17, é preciso uma pausa de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados. Já pela CLT, artigo 72, a pausa de 10 minutos deve ser adotada a cada 90 minutos trabalhados. A empresa deve cumprir um ou outro, de acordo com o que funcionar melhor para sua realidade.

Para os trabalhadores de teleatendimento, como consta no anexo 2 da NR 17, a pausa deve ocorrer fora do posto de trabalho e deve ser de dois períodos de 10 minutos contínuos, considerando a carga horária padrão de seis horas de trabalho e 20 minutos de intervalo para  almoço / refeição. Vale lembrar que ela deve ser adotada após os primeiros 60 minutos e antes dos últimos 60 minutos de trabalho, para ser o mais otimizada e benéfica possível,  e precisa ser documentada, com registro impresso ou eletrônico.

Ainda sobre as pausas obrigatórias, temos a NR 36 e o artigo 253 da CLT, que nos falam sobre empresas frigoríficas. Trabalhadores que realizam atividades em locais refrigerados e movimentam cargas, devem pausar 20 minutos após 1h40 de trabalho.  Se a jornada for de até 8 horas e 48 minutos, o tempo de pausa total tem que ser de 60 minutos, sendo preciso fazer a subdivisão das pausas dentro da jornada completa. O tempo mínimo deve ser de 10 minutos e o máximo de 20 minutos. Aqui é muito importante que o profissional de ergonomia faça essa gestão de acordo com a realidade da empresa  e dos trabalhadores.

A CLT nos fala também sobre  a obrigatoriedade das pausas no trabalho em minas de subsolo. Neste caso, a cada três horas consecutivas de trabalho é preciso uma pausa de 15 minutos.

 

Atenção: 

É preciso anotar todas as pausas e não só a prescrita. Muitos profissionais ignoram pausas espontâneas e micropausas na própria análise, sem evidenciar essas ocorrências. Porém muitas empresas não têm pausas prescritas, só as espontâneas, por exemplo. Portanto, na sua análise de pausa e recuperação de fadiga, é preciso considerar todas. Procure saber se existe, anote, descreva. Todas são válidas. É preciso analisar a realidade do trabalhador, considerando todas as pausas existentes.

 

 

Como implementar pausas eficazes? 

Passo 1 – Definição do horário 

Isso é muito importante. Não implemente pausa no primeiro horário de trabalho, por que o profissional já chega descansado em seu posto. E também não na última hora, que é quando o trabalhador sai para descansar em casa. Para o horário do almoço seguimos o mesmo raciocínio.

Tente estabelecer um intervalo equilibrado. Vamos supor que a jornada é das 8h às 12h, com uma hora de almoço, retornando de 13h às 17h e que o trabalhador precise fazer duas pausas. Coloque, por exemplo, a primeira pausa às 10h e outra pausa às 15h. Dessa forma você está colocando as pausas de forma equilibrada de acordo com o horário de entrada, de almoço e de saída, sem “desperdiçar” nenhuma pausa.

Antes de definir o horário, converse com a gerência, com os líderes de produção e com os trabalhadores, para entender toda a organização do trabalho e assim a pausa não interferir negativamente nos processos produtivos da empresa.

É importante também verificar se já existem normativas legais como portarias, acordo com sindicatos, para usar de referência e aí então definir o melhor horário.

Se pular alguma dessas etapas, você tem grandes chances de errar. Esses pilares são muito importantes para estabelecer as pausas corretamente.

 

Passo 2 – Definição do tempo da pausa 

Para definir o tempo de pausa, também é preciso seguir os pilares citados acima. Verificar se já existem questões legais que estabelecem pausas, conversar com os líderes, coordenadores e trabalhadores e respeitar os horários de entrada, saída e de almoço. É preciso conhecer o sistema organizacional da empresa para recomendar o tempo correto. Vale lembrar que, como consta na CLT, o almoço é um intervalo de descanso e não uma pausa pré – determinada.

 

Passo 3 – Definição do tipo de pausa

Quando temos trabalho monótono, com uma carga mental excessiva, é recomendável uma pausa ativa lúdica, para o trabalhador conseguir limpar a mente, espairecer.

Se for uma atividade repetitiva, com ciclo de trabalho, linha de produção, adote a pausa passiva. Deixe o trabalhador parado, para que ele possa fazer o relaxamento da musculatura utilizada.

Se o funcionário ficar muito tempo sentado, adote uma pausa que permita que ele levante, caminhe ou até mesmo deite, se for possível. É importante possibilitar essa alternância de posturas corporais.

Não confunda alternância de postura com pausa. Existem alternâncias de posturas que não envolvem pausas, como um rodízio de atividades, por exemplo. Mas é possível incentivar alternâncias de postura durante a pausa.

Atividades repetitivas de membro superior requerem no mínimo 8 minutos de pausa, de acordo com referência literária de Daniela Colombini. Esse tempo é importante para a recuperação tecidual.

 

Passo 4 – Documentar as pausas 

Crie um registro que seja fácil e rápido para o trabalhador. Caso contrário, ele acabará preenchendo de forma incorreta e até evitará preencher ou realizar a pausa. É importante documentar  e comprovar as pausas, principalmente as obrigatórias, para fins legais, vistorias, força tarefa e ações trabalhistas. Deixe o registro em um local de fácil acesso ou, se possível, use ponto eletrônico.

 

Esse artigo foi útil para você? Me conte nos comentários e compartilhe esse conteúdo com outros profissionais.

Quer estudar e aprender mais sobre ergonomia em vídeos também? Se inscreva no meu canal no YouTube e não perca nenhum conteúdo! É só clicar aqui.

Conheça também nosso treinamento de passo a passo de Análise Ergonômica do Trabalho clicando aqui. Ao se cadastrar na lista de espera você receberá todas as informações sobre o treinamento no e-mail cadastrado =]

 

Facebook Comentários

Por Debora Dengo

Debora Dengo é formada em Fisioterapia com especialização em Ergonomia, Auditoria e Saúde do Trabalhador pela Universidade Positivo, atua há 7 anos com Ergonomia e Saúde do Trabalhador em dezenas de empresas. Possui Formação técnica e cursos pela EPM – International Ergonomics School e Escola Ocra Brasiliana em Check List Ocra, Niosh by Ocra, Ciclos Longos e Alta Precisão e MAPHO. Além de outras ferramentas de análise de risco ergonômico. Tendo total domínio de todas as ABNT NBR ISO de Ergonomia e Normas Regulamentadoras de Ergonomia. Também é mentora de centenas de ergonomistas por todo o Brasil ensinando em suas mentorias como realizar Análises Ergonômicas do Trabalho nas empresas.

Facebook Comentários
https://solucoesergonomicas.com.br/wp-content/uploads/2020/08/Footer.png
SIGA-NOSRedes Sociais
Confira nossas redes sociais e fique por dentro de todas as novidades e ofertas exclusivas.
https://solucoesergonomicas.com.br/wp-content/uploads/2020/08/Footer.png
ACESSEInformações
SIGA-NOSRedes Sociais
Confira nossas redes sociais e fique por dentro de todas as novidades e ofertas exclusivas.

© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

© 2020 Soluções Ergonômicas – CNPJ: 30.031.016/0001-22

Facebook Comentários