Em um primeiro momento, as profissões de ergonomia e fisioterapia do trabalho podem parecer bem similares, mas com um olhar mais atento notamos que não são. É importante conhecer as diferenças entre o profissional de ergonomia e o fisioterapeuta do trabalho para que você consiga direcionar seus estudos e capacitações e assim gerenciar melhor seu tempo e seu dinheiro. Além disso, só quando você conhece o que cada um desses profissionais faz, é possível se posicionar corretamente no mercado, tanto como profissional quanto no seu nicho de atuação.
Quem é o fisioterapeuta do trabalho?
Após a graduação de Fisioterapia, o interessado em obter um título de Fisioterapeuta do Trabalho deve realizar a prova de títulos do COFFITO, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Essa prova é vinculada com a ABRAFIT, a Associação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho, e serve para qualquer título de fisioterapeuta.
Já quem realizou um curso de pós-graduação ou especialização com ênfase em fisioterapia do trabalho antes de 14 de julho de 2010 não precisa fazer a prova de título, como consta na Resolução 207 do Conselho Federal de Fisioterapia. É importante lembrar que o curso em questão deve ser validado pelo COFFITO.
Quem é o ergonomista?
Para se tornar um ergonomista é preciso uma graduação de nível superior e uma pós-graduação lato sensu em ergonomia com, no mínimo, 360 horas de grade curricular. A ergonomia é uma profissão multidisciplinar, ou seja, pode ser realizada por profissionais de diferentes graduações.
Mas não custa lembrar que: para atuar com ergonomia você não precisa ser um ergonomista, ou seja, não precisa ter uma especialização lato sensu que te dê esse título. Tendo uma graduação de nível superior você pode se capacitar de outras formas para começar a atuar, como: cursos, treinamentos, mentorias da área tanto online quanto presenciais.
E como se diferenciar? Você pode ter um concorrente com diversas especializações e cursos, mas se você, ao participar de uma concorrência com um cliente, mostra o quanto é preparado, dedicado, o quanto já atuou, suas experiências vividas com outros clientes, resultados já obtidos, suas chances de se destacar são muito grandes. A empresa quer um profissional que traga resultados reais e não apenas teoria, por isso dê o pontapé inicial e não espere ter títulos para começar a trabalhar.
Outra dica importante: cursos de especialização, MBAs e provas de título são caros e exigem dedicação do seu tempo. Portanto, só faça quando tiver mais vivência na área e certeza de que quer seguir esse caminho. Caso contrário, você pode investir muito em algo que parece fazer sentido naquele momento, mas depois vai se revelar sem importância para a sua carreira.
A importância do nicho na profissão
A Resolução 465 do COFFITO traz uma extensa lista de serviços que podem ser realizados pelo fisioterapeuta do trabalho. É um ótimo material para o profissional aprimorar seu portfólio ou até mesmo escolher um nicho específico entre os serviços que tem mais afinidade.
Mas por que escolher um nicho profissional é importante?
No Brasil temos uma cultura de escassez, que faz com que muitos profissionais pensem que devem fazer todo tipo de trabalho, sem recusar, afinal podem ficar sem oportunidades de um dia para o outro. Embora esse raciocínio seja até compreensível dentro da realidade em que vivemos, ele é prejudicial para o nosso crescimento profissional.
No meu caso, por exemplo. Eu me posiciono como ergonomista, nichada em análise ergonômica do trabalho e na implementação e gestão de ergonomia nas empresas. Não realizo, por exemplo, perícia ergonômica. Algumas pessoas podem achar que com isso eu estou perdendo oportunidade e dinheiro, mas é justamente ao contrário. Ao me posicionar e me especializar no que eu gosto, consegui mais clientes interessados nos serviços que forneço e me tornei autoridade no assunto. Quando me procuram para serviços que eu não forneço, simplesmente indico outros profissionais em que acredito e assim sigo focada em fazer o que gosto e o que eu sei.
Lembre-se: para ser um profissional de sucesso é muito importante saber quem é você, onde quer atuar, se posicionar e nichar.
Diferenças entre o ergonomista e o fisioterapeuta do trabalho
1 – O ergonomista é multidisciplinar
Existem diversas graduações de nível superior que podem levar à ergonomia, algumas têm mais afinidade, como profissional de educação física, médico, engenheiro, fisioterapeuta, psicólogo, terapeuta ocupacional, tecnólogo em segurança, fonoaudiólogo, enfermeiro, entre outros. É uma lista muito grande de profissões, visto que a exigência é ter uma graduação de nível superior para se capacitar na área, ou seja, a lista de profissões que podem atuar realmente é gigantesca. Já a fisioterapia do trabalho não é multidisciplinar, ela só permite o ingresso de fisioterapeutas.
2 – O foco da atuação
O profissional de ergonomia foca em demandas como análise ergonômica do trabalho, laudos, gestão de ergonomia em empresas, pareceres técnicos, formação de COERGO, treinamentos ergonômicos, palestras de ergonomia, SIPAT, análise e gestão dos risco ergonômicos, implementação de melhorias ergonômicas, perícia ergonômica, implementação de ISO’s relacionadas à saúde e segurança do trabalho, ou seja, toda a parte mais técnica específica da ergonomia.
Já o fisioterapeuta do trabalho faz tudo que o ergonomista faz, mais as competências que só cabem ao fisioterapeuta, então ele acaba com um leque muito maior de atuação. Para citar algumas oportunidades, temos: o ambulatório de fisioterapia nas empresas, avaliação e diagnóstico cinesiológico funcional, parecer e laudo ergonômico, PPRA, diagnóstico de capacidade funcional, nexo causal da parte biomecânica, ginástica laboral (que também pode ser feita por profissionais de educação física), reabilitação funcional (quando o profissional volta de um afastamento), atestado fisioterapêutico, dentre outros.
Conhecer as diferenças entre as duas profissões é fundamental para entender de que forma é possível atuar, os cursos e especializações disponíveis e em que serviços você poderá se especializar, se tornando assim um profissional com uma entrega de qualidade.
Você já atua como ergonomista ou fisioterapeuta do trabalho? Me conta nos comentários.
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