Existem direcionamentos importantes que podem ajudar quem pretende trabalhar com ergonomia ou até mesmo quem já trabalha na área, afinal nunca é tarde para aprender algo novo. Os sete pilares fundamentais para uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET) são um exemplo desses direcionamentos. Vale lembrar que cada pessoa desenvolve seu sistema e tem sua forma de trabalhar, o que é perfeitamente normal. Porém, os sete pilares que irei apresentar neste texto são ajustáveis e funcionam independente do método que o profissional utilize, então todos só tem a ganhar. Vamos conhecer melhor cada um deles?
1 – Entender a demanda da análise
Antes de enviar um orçamento para o cliente, é fundamental entender a demanda daquela análise que ele está pedindo. Isso vai te indicar a direção que você precisa seguir. Entenda porque a empresa está solicitando aquela análise, quais são seus objetivos com o trabalho. É algo apenas para cumprir uma norma? Foi originado de um pedido de fiscalização? Existe um prazo? É uma análise de um setor ou função específica? É para uma demanda judicial? É para compor o projeto de um posto de trabalho novo? Seja detalhista nesse momento, pois se você ficar com alguma dúvida que não for sanada, todo o trabalho que virá pela frente pode ser comprometido.
Uma dica importante nesse contato inicial é solicitar o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) da empresa antes de iniciar a montagem do orçamento, pois o documento já irá fornecer um panorama geral do setor, função e atividade, o que irá poupar tempo e trabalho.
2 – Informar aos funcionários
É muito comum que o ergonomista atue como um consultor externo e nesse caso ele é um “estranho” para os colaboradores. Por isso é importante que antes do início do trabalho os funcionários sejam informados do que irá acontecer, seja através do RH, de técnicos de segurança do trabalho da empresa ou através do próprio dono, no caso de micro e pequenas empresas. Essa dinâmica é importante pois o ergonomista irá ter contato direto com os trabalhadores. Fará entrevistas, fotos, vídeos, medições, enfim, o que for necessário para realizar a análise e os funcionários podem ficar desconfiados se não souberem o que está acontecendo e isso pode inclusive interferir no trabalho, fazendo com que fiquem na defensiva. Por isso reforce com o seu cliente a importância dessa comunicação e ao chegar na empresa, se apresente e explique de forma fácil e clara a sua função ali.
3 – Entrevista de qualidade
Uma boa conversa com os funcionários é essencial para o sucesso da sua coleta de dados. É algo fundamental para que você tenha conhecimento prévio e um panorama geral da função, das atividades e da própria realidade da empresa. Quando for para a entrevista, monte um roteiro de perguntas que englobe cinco grupos: biomecânica (postura, manuseio de carga, etc); organizacional (turnos, pausas, cadência, horário de almoço, etc); mobiliários e equipamentos; conforto ambiental (temperatura, velocidade e umidade do ar, ruído, iluminação, etc) e psicossocial e cognitivo (nível de estresse, satisfação com o trabalho, existência de múltiplas tarefas, etc). Além disso, é importante dar abertura para o colaborador relatar situações que não estão no seu roteiro, pois ele pode passar informações muito valiosas que não estavam previstas.
4 – Coleta de dados inteligente
A primeira etapa da coleta de dados é a entrevista, afinal é ela que vai te guiar para o que será encontrado no setor. Qual formulário de roteiro de coleta você precisa levar? Isso a entrevista vai te dizer, por exemplo. É ela que te passa as informações essenciais para que você já chegue preparado para realizar a coleta de dados, já com um panorama da situação que será avaliada. Fiz uma vídeo aula falando só sobre esse tema. Após ler o artigo, Clique Aqui para assistir a aula sobre coleta de dados inteligente.
5 – Análise Ergonômica bem embasada
Com tanta informação disponível na Internet, em livros, em normas regulamentadoras pagas e gratuitas, entre outros, não tem como montar uma AET baseada em achismos. Hoje tudo está muito mais acessível, com informações em português, inclusive. É importante você embasar toda a sua análise, suas respostas, seu diagnóstico e conclusões. Umas das formas de embasar sua AET é através de leis e normas de ergonomia. Isso é muito importante, pois o trabalho do ergonomista cria um histórico legal para a empresa, por conta de questões trabalhistas.
Outra forma de embasar sua análise é com ferramentas ergonômicas validadas e literatura científica. Elas andam juntas, afinal uma ferramenta só é validada por uma literatura muito bem fundamentada.
A observação direta e o feedback do próprio ergonomista também são importantes, afinal existem situações em que você não tem lei, norma nem ferramenta para embasar a sua decisão. Esses casos são raros, mas existem e aí o seu feeling e capacidade de observação farão a diferença. Fiz também uma vídeo aula falando só sobre esse tema. Após ler o artigo, Clique Aqui para assistir a aula sobre Como Embasar sua Análise Ergonômica.
6 – Evidenciar os pontos positivos da empresa
Muitas vezes estamos condicionados a apontar só os riscos ergonômicos, mas uma AET é um documento legal, por isso é importante que você inclua também os pontos positivos, explicando porque eles funcionam e porque não são riscos. É fundamental pensar também como o dono daquela empresa. Ela investiu em um bom mobiliário, fornece pausas, tem uma sala de descanso, fornece assistência psicológica, tem postos de trabalho adequados? Tudo isso deve estar apontado na análise ergonômica também, pois essa é uma prova que você analisou tais questões.
Imagine que você realizou uma análise em uma empresa, não evidenciou os pontos positivos e cinco anos depois surge um processo trabalhista envolvendo justamente um desses pontos? Como você vai provar que ele foi analisado e não configurava um risco, se não tem nada sobre ele no documento da AET? Evidenciar o que é bom é uma forma de proteger também o seu trabalho. Inclusive não tenha vergonha de voltar no cliente e corrigir alguma coisa que você acha que pode ser melhorada ou atualizada na sua análise. É melhor corrigir o erro do que lidar com ele no futuro.
7- Faça sugestões ergonômicas específicas e coerentes
Muitas vezes a empresa contrata o ergonomista para realizar a análise, mas por questões de orçamento ela mesma irá aplicar as melhorias, sem a presença do ergonomista na gestão e implementação. Porém, com uma análise ergonômica genérica e sugestões consequentemente também genéricas, ela acaba ficando engessada, sem saber como agir. É importante que o ergonomista encontre o motivo daquele risco ergonômico, entenda a raiz do problema. Isso surge na entrevista, na observação daquela atividade, no entendimento do que acontece no dia a dia do colaborador. Assim é possível propor melhorias ergonômicas específicas e que sejam coerentes com a realidade da empresa, seja em relação a prazo, recursos financeiros e de acordo com os resultados que precisam ser alcançados. Você pode classificar as recomendações em curto, médio e longo prazo, dividindo por nível de risco e valor orçamentário, por exemplo.
Esses sete pilares funcionam como um guia para uma Análise Ergonômica do Trabalho bem feita e de qualidade e se adequam a todo método de trabalho. É importante lembrar que a AET é um documento legal, que resguarda tanto a empresa quanto o ergonomista que o elaborou, portanto estude com carinho cada tópico apresentado nesta lista para colocá-los em prática. Ficou com alguma dúvida sobre os pilares fundamentais em uma Análise Ergonômica? Me conte nos comentários!
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