No universo da ergonomia, os treinamentos ergonômicos são um aspecto muito importante e fonte de inúmeras oportunidades de atuação para os profissionais. Mas antes de mais nada, é importante reforçar que existem os treinamentos obrigatórios, que estão na NR 17 e os não- obrigatórios. Este último tipo, muitas vezes são realizados durante as SIPATs pelas empresas, que já aproveitam a semana de conscientização para realizar treinamentos que, mesmo não-obrigatórios, são muito importantes para a segurança e saúde dos funcionários.
Tipos de Treinamento
– Treinamento Geral de Ergonomia
Esse é o treinamento básico, que aborda a ergonomia de forma geral. É importante falar sobre sua importância dentro da empresa, os resultados que ela pode gerar e os efeitos negativos que a falta de um olhar voltado para a ergonomia pode causar. Muitas vezes, funcionários internos das empresas que fazem parte do SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) ou da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) podem receber esse treinamento, como uma formação em ergonomia, para que eles reapliquem os conceitos de tempos em tempos dentro da empresa.
– Treinamento de Manuseio de Cargas
Todo trabalhador que faz manuseio manual de carga que não é leve, ou seja, acima de três quilos, precisa fazer esse treinamento. Ele é obrigatório. Não existe uma carga horária definida, mas geralmente você precisará de, no mínimo, uma hora para abordar toda informação necessária. Neste tipo de treinamento é importante mostrar como manusear a carga de forma correta, como utilizar o auxílio mecânico, caso exista e também é preciso informar as consequências de um manuseio errado. Inclusive, até o manuseio correto do ponto de vista postural pode ser prejudicial, dependendo do peso de determinada carga.
Aqui vai uma dica importante. Sempre que for contratado para ministrar um treinamento, vá até a empresa antes. Conheça a estrutura, a rotina, as atividades que são realizadas, os equipamentos disponíveis, para que seu treinamento seja adaptado à realidade daquela empresa, com soluções que funcionem para ela, além das informações padrão. Nunca exponha recomendações de alto custo na frente dos funcionários. Esse tipo de informação deve ser alinhada apenas com os gestores da empresa previamente.
Esse é um tipo de treinamento que deve ser bastante interativo e visual, para que o trabalhador entenda claramente o funcionamento da coluna, os discos, nervos e a importância de seguir os ensinamentos para evitar lesões. Usar um esqueleto de coluna ou o conceito do chiclete Babaloo para explicar o funcionamento do disco intravertebral podem ser técnicas interessantes para conquistar a atenção dos colaboradores.
Não existe uma periodicidade definida, mas sempre que ocorre uma mudança de layout ou de carga é importante realizar um novo treinamento.
– Treinamento de Check Out
Também é um treinamento obrigatório, realizado com caixas de supermercado e afins, que costumam manusear cargas como sacos de arroz, farinha, caixas de leite associado a repetitividade. Esse tipo de treinamento tem carga horária de duas horas e deve ser realizado em até 30 dias da data de admissão do funcionário, sempre dentro da jornada de trabalho, como todo treinamento.
É importante que ele seja realizado no posto de trabalho, com a manipulação de mercadorias. Manusear cargas acima de quatro quilos na posição sentado é altamente lesivo, sendo muito perigoso para a lombar e esse tipo de informação deve ser reforçada com o funcionário. Aspectos psicossociais e cognitivos também são muito importantes, já que eles precisam lidar com clientes durante todo o expediente.
Um ponto fundamental do treinamento de ergonomia em operadores de check out é a orientação quanto ao manuseio de cargas (produtos comprados pelo cliente) sentado x em pé. O recomendado é que sempre que os produtos passados na leitora forem acima de 4,5kg, que os manuseiem em pé, pois manusear cargas acima desse peso com a postura sentada é altamente prejudicial para a coluna lombar. Exemplo de produtos: sacos de arroz de 5kg, caixas de leite, sacos de farinha de 5kg, galões de água de 6L, etc.
O ideal é que o primeiro treinamento seja realizado de forma presencial. Os de reciclagem, que acontecem de forma anual, podem ser feitos à distância, caso haja essa necessidade. O colaborador deve receber um material impresso com todas as instruções ensinadas, para que ele possa consultar sempre em caso de dúvida.
– Treinamento de Teleatendimento
Esse tipo de treinamento é muito importante, principalmente em relação a carga mental exigida do trabalhador. É obrigatório, com uma carga horária de quatro horas e reciclagem a cada seis meses, também de quatro horas. É importante que o colaborador tenha consciência sobre todas as formas de adoecimento que podem acometer quem lida com o teleatendimento, aprendendo sobre as medidas de segurança que vão minimizar ou eliminar esses riscos.
De forma geral, os equipamentos e mobiliário do trabalhador de teleatendimento são reguláveis, mas é importante que ele entenda todas as funcionalidades e saiba como regular corretamente. Não adianta ter todos os equipamentos e mobiliários com regulagens se o usuário não souber como regular, por isso nesse treinamento é fundamental envolver uma parte prática ensinando como os trabalhadores de teleatendimento regulam seu posto de trabalho de acordo com a sua antropometria. É recomendado que essa regulagem seja feita diariamente, já que o comum é existir mais de um turno nessa função, com revezamento dos postos de trabalho entre várias pessoas. Neste tipo de treinamento, como no de check out, é preciso fornecer material didático sobre tudo que foi abordado, para o trabalhador consultar caso precise.
Cada treinamento é voltado para um perfil de atividade, mas a dica de ouro vale para todas as situações: antes de ministrar um treinamento, se prepare. Conheça previamente a realidade da empresa, o layout, as tarefas, os equipamentos disponíveis e adeque o seu material e o seu discurso àquela realidade.
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